A natureza, o Homem, e o princípio da responsabilidade, POR Angela Caruso



Data: 16/07/2012 

“A profanação da Natureza e a civilização vão juntas”. 

Hans Jonas Uma vez que a idéia dos humanos serem diferenciados dos outros animais, e que possuem um enorme poder de atuação sobre o ambiente que outros seres não podem igualar, o filósofo Hans Jonas postulou o “princípio da responsabilidade” contra o abuso de poder. Atualmente conhecido como biopoder. O planeta Terra generoso e nunca apreciado por esta generosidade, abriga em sua superfície por mais de 3,5 bilhões de anos várias formas de vida desde seu nascimento, e ainda assim se organizou perfeitamente. 

“...a natureza é primorosamente ajustada para a possibilidade de vida no planeta Terra. Se a força gravitacional fosse reduzida ou aumentada em 1%, o Universo não se formaria; por uma minúscula alteração na força eletromagnética as moléculas orgânicas não se uniriam”.

O físico Freeman Dyson escreveu: “O universo sabia que estávamos chegando...” Não sei ao certo se essa sabedoria serviu de alerta ou se o universo, então plácido, tratou de observar e deixar acontecer...

Se atentarmos para a história vimos que antes mesmo do período arqueano já existiam formas de vida unicelulares, com DNA, e mesmo sabendo que as primeiras formas de vida se formaram nos oceanos (?) vimos que se organizaram e venceram, ou não, as eras geológicas de construção e aniquilação, apesar de não haver consenso entre os cientistas em releção a história da vida na terra.Podemos, então, acreditar que o destino dos seres humanos depende, por exemplo, da situação em que se encontrará a natureza? Uma vez subordinada a nenhum caráter imparcial dos humanos e ofendida pela fraqueza da natureza humana, a natureza se organizará novamente?

Observando o cenário atual do planeta e acompanhando as notícias das inúmeras catástrofes em que a força da natureza se revela indomável, podemos sentir nossa pequenez e incapacidade de superá-las. Não falo apenas dos fenômenos naturais que acabam por se ajustarem nos locais livres de comunidades, mas dos acontecimentos ferozes que destroem cidades e ceifam vidas, muitas vezes com impactos irreversíveis. Interferência humana? Ou seriam os “avanços” tecnológicos que seguem sem freio?

Algumas previsões “científicas” afirmam que nos próximos 25 anos inúmeras espécies de animais e plantas estarão extintas; que o astro Sol poderá consumir ao longo dos anos todo o seu hidrogênio, perdendo material solar, e arrancar a atmosfera da Terra transformando o planeta em deserto ou mesmo destruí-lo totalmente. Ameaças do excesso de êxito, crescimento, degenerência? 

“O ser humano, não mais com braço curto, e inebriado por sua capacidade de engenhosidade desde há muito não enxerga nem quer enxergar o quanto o seu poder de fazer é muito maior que seu poder de prever” (Hannah Arendt) 

Seremos capazes de considerar nosso DEVER de:agradecer, ressarcir, reparar, assumir, e reorientar o “princípio da responsabilidade” defendido por Hans Jonas para que alcance as gerações futuras e a vida planetária? Conseguiremos incorporar esta obrigação ou simplesmente ficaremos discutindo as consequências? Honraremos a nossa sobrevivência fazendo parte da corrente de Kant - do dever - de sermos coerentes e não consequencialistas?Tomaremos por DEVER considerar a Natureza e os Animais?Não os vermos apenas como produtos dipostos à utilização?Desistiremos de extinguir fauna e flora de regiões inteiras e com elas substâncias presentes em seus corpos ainda desconhecidas?Guardaremos o caráter sagrado da natureza?
Não sei não!

Embora com certo ceticismo devo relembrar que o “princípio da responsabilidade” de Hans Jonas remete a uma reflexão sobre o desafio da escalada tecnológica e o aumento de poder dos humanos sobre sua própria natureza. Em tempo, devemos assumir o compromisso da permanência no planeta terra – que haja humanidade - continuidade e futuro!


Nenhum comentário:

Postar um comentário