Faculdades desistem de usar animais vivos em cursos de medicina do país

Embora muitas faculdades de medicina no Brasil ainda utilizem animais vivos em sala de aula, há cursos de graduação no país que abriram mão dessa prática.

Segundo essas instituições, o uso de métodos alternativos, como manequins que simulam reações do corpo humano (para aulas de técnicas cirúrgicas) e de softwares (para aulas de fisiologia) hoje já suprem as necessidades de ensino.



"Existe um currículo oculto, aquilo que você não ensina na disciplina, mas que ensina nas suas atitudes. O uso de animais vivos em sala de aula dessensibiliza o aluno", diz Odete Miranda, professora da Faculdade de Medicina do ABC, que em 2007 aboliu o uso de animais vivos na graduação em medicina.

A decisão, diz ela, foi impulsionada pela lei 9.605, de 1998, que estabelece que a "experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos" é crime quando houver recursos alternativos.

A Anhembi Morumbi faz o mesmo desde 2008, quando começou o curso de medicina. "O padrão internacional para ensino vai nessa direção. Para replicar um experimento cujo resultado você já sabe, o uso de animais vivos é desnecessário", diz Karen Abrão, diretora da Escola de Ciências da Saúde.

Também a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) aboliu em 2007 os animais vivos em medicina, após mobilização de alunos.

A substituição de animais é recente, dizem as instituições. Entre as razões para manter animais vivos estão o custo menor e a tradição.

O Conselho Federal de Medicina afirma que o tema ainda não foi discutido em plenário e que, por isso, não tem posição oficial.

Nos EUA e no Canadá, segundo a ONG Comitê de Médicos para a Medicina Responsável, apenas quatro faculdades de medicina (de 187 existentes) ainda utilizam animais vivos para o ensino.

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