Cão bravo? Especialista dá dicas para melhorar o comportamento do seu pet



Corrigir cachorros que já ganharam fama de agressivos é possível. Conversamos com a adestradora Juliana Yuri, que deu dicas valiosas

É comum ver na televisão, nos jornais ou na internet notícias sobre cães que atacam pessoas. Porém, antes de condenar os animais é preciso investigar a raiz do problema. Será mesmo que existe uma má índole ou os bichos apenas seguem seus instintos? Eles são irracionais, logo, a responsabilidade recai diretamente sobre o dono, que deveria evitar este tipo de situação. De acordo com a especialista em comportamento animal Juliana Yuri, da equipe Cão Cidadão, se o seu pet tiver a agressividade como característica, é fundamental treiná-lo sem, é claro, usar de violência. 

Por que comigo?

Há quem adote ou compre um filhote e não faça a menor ideia de que aquelas mordidas fofinhas podem se tornar um problema de verdade mais tarde. Há também quem escolha um cachorrinho que já tenha essa fama para que o animal funcione com um adicional de segurança para a casa. Contudo, há vezes em que o comportamento acaba fugindo do controle. Se você vive algo parecido, mantenha a calma. Para tudo, existe uma solução.

“A agressividade pode ser causada por diversos fatores: a genética pode influenciar – filhos de exemplares agressivos podem tender à agressividade. Outro ponto é o temperamento individual de cada animal – dentro de uma mesma ninhada, por exemplo, podemos encontrar exemplares mais tímidos, destemidos ou mais agressivos.”, diz Juliana. No entanto, segundo a especialista, a forma como o pet é tratado também pode explicar esse tipo de comportamento. “É necessário impor limites, regras claras e rotina, além de atenção, amor e carinho. Assim, o cão saberá qual comportamento é esperado dele”, alerta. A agressividade, portanto, não depende da raça.

Calmo com gente, bravo com cães

Alguns animais são verdadeiros amigos do homem e se mostram totalmente inofensivos em contato com pessoas, ainda que sejam estranhas. Eles se portam bem e oferecem segurança até para as crianças, mas não fazem o mesmo ao conviver com outros animais, o que também acaba sendo um problema para o dono. Os passeios ficam mais difíceis e esse tipo de comportamento favorece situações delicadas, como estresse excessivo quando algum outro bicho passa em frente ao local em que o animal fica, por exemplo.

“Isso geralmente acontece por sociabilização inadequada quando filhote, ou seja, o cão não foi acostumado a outros animais de forma gradual e positiva”, explica Juliana. Essa agressividade pode ter sido gerada por um evento traumático ou ainda pela disputa de um recurso, como um brinquedo ou um território. De qualquer forma, é preciso treinar o cachorro para obter melhores resultados. “A pessoa deve recompensar o animal enquanto ele estiver calmo, pedindo alguns comandos, tentando fazer com que ele associe a presença do outro cão a situações positivas”, sugere. Mas atenção: durante os exercícios, evite expor o cão a situações que serão difíceis de serem controladas (como parques para cães, por exemplo). Deixe isso para uma fase mais avançada.

Lições valiosas

Algumas atitudes dos donos podem ajudar o cão a melhorar essa característica, seja ela de origem genética ou adquirida com o tempo. Reunimos as mais importantes, segundo a adestradora Juliana Yuri:

  • A principal dica é nunca tentar tratar problemas de agressividade com mais agressividade – métodos punitivos, que usam força física ou violência, não mudam o comportamento e podem piorá-lo.
  • Um fator importantíssimo é a forma com que o filhote é educado na sua fase de sociabilização (dos 45 dias até o 3º mês). Neste período, o cão deve ser apresentado a maior quantidade de estímulos possíveis (pessoas, outros animais, objetos, sons, etc.) de forma gradual e positiva, para que se habitue a isso e tenha menos chances de se tornar agressivo futuramente.
  • Procure saber exatamente o que causa agressividade no cão. Por exemplo, se o cão se mostra agressivo quando estranhos tentam fazer carinho, peça às pessoas que não o façam e que, em vez disso, ofereçam um petisco se o cão se mantiver calmo. Simule essas situações, iniciando a uma distância onde o cão não demonstre nenhuma reação de agressão, e recompense-o pelo comportamento adequado – sempre levando em conta a segurança, mantendo o cão na guia. É importante evoluir gradualmente, sem estressar o cão.
  • Também é importante realizar um treinamento de obediência básica, onde o cão aprenderá que para conseguir o que quer, ele precisará fazer algo “educado” em troca (para ganhar um petisco, deve aguardar sentado, por exemplo).
  • A melhor forma de modificar o comportamento agressivo é usar técnicas baseadas em reforço positivo, como a dessensibilização e o contracondicionamento, que visam fazer com que o cão fique menos sensível ao estímulo, demonstrando um comportamento diferente do que estava habituado.
  • Com auxílio do veterinário é possível detectar os casos em que é necessário utilizar medicamentos específicos, mas essa medida é somente a critério médico.
Todo cuidado é pouco
Por mais que um cão possa ter seu comportamento agressivo melhorado, o treinamento leva tempo. Enquanto isso é importante ter paciência e cuidar para evitar acidentes. “Segurança em primeiro lugar”, lembra a adestradora. Por isso, o dono deve manter o cachorro sempre com a coleira. Assim, é possível colocar a guia mais rapidamente em situações de urgência.

Além disso, a focinheira deve ser associada a algo bom, como petiscos e brincadeiras. Apresente o acessório ao animal, reforçando o aspecto positivo. O cuidado com portas e portões deve ser redobrado e todos que convivem com o cachorro devem ser alertados disso. Evitar situações que possam gerar estresse e agressividade fora do treino é fundamental.

Atualmente, o mercado dispõe de profissionais capacitados que podem ajudar no treinamento, caso seja necessário. Se sentir que o animal não tem evoluído, mesmo com todos os exercícios, procure ajuda. Afinal, o dono responde pelas atitudes do seu cão.

PETMAG

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